sábado, 21 de setembro de 2013

Samba sozinho

há tempo que o tempo não passa e a saudade faz do coração morada o samba perde a pegada a vida muda o ritmo agora chora cavaquinho melodia triste no meu pinho canto um samba sozinho.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Rascunho

É tanta coisa que se diz que se faz É tanta gente que diz e não faz È tanta gente que faz e não diz É tanta coisa que se diz e não faz É tanta coisa que se faz e não diz... Alguém feliz Faz e diz Alguém sofrer não faz Quem sabe amanhã teremos outra rotina Uma notícia bem vinda e hoje será passado As imagens captadas pela retina Não serão de dias nublados.

sábado, 20 de abril de 2013

Faz de conta

Faz de conta que não tem ciúmes que tem coração imune pra qualquer sentimento faz de conta que nem sente saudades que o amor nunca invade este ser que é um faz de conta Faz de conta que nunca se sente mal que acha graça com as dores do mundo e tudo é natural Faz as contas pra que o tempo passe e que esse faz de conta se acabe faz de conta.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

A CALCINHA DA DISCÓRDIA

E um casamento tão duradouro (seis anos é muito para os dias atuais) tinha chegado ao fim. Beto, trinta e dois anos, pedreiro, após entrar no evangelho resolveu enterrar o passado. Abandonou todos os vícios: curou-se do álcool, juntou doze carteiras de Hollywood que tinha comprado para fumar durante a semana e tocou fogo, até quis ver o fogo queimando aquilo que era produto do diabo, mas o cheiro do cigarro já lhe causava enjôo. A maconha que fumava, segundo ele "socialmente", agora era o caminho para o inferno. O cara tava mudado, os amigos já não reconheciam na rua - Beto também mudara o jeito de vestir-se, deu para vizinhos as roupas antigas que lhe vestiam em farras e cabarés para comprar camisas de seda e calças de linho, bermudas jamais. Tudo que vivera estava enterrado, as farras com amigos, altas gargalhadas, os palavrões, os bregas até as madrugadas em cabarés, todas as amantes... Beto havia construído um muro pelo qual não queria ver o passado. A esposa, Marlene, fazia bicos como manicure, era mulher espoletada, o desprezo que o marido havia dado durante anos provocou em Lene o desejo de viver. Enquanto Beto se embriagava em copos e corpos, Lene se arrumava para ir às rodas de samba. Agora que José Roberto, vestido de paletó era um novo homem, regenerado, buscando a salvação, não admitia ver Lene sair para os sambas enquanto ele quase santo ia para igreja. Nos sambas, Lene era uma atração, morena, larga, tipo avião ou violão sambava com uma saia mini, mini, onde se via suas calcinhas tipo fio dental. Tudo isso era como uma facada no coração do homem. Antes da religião ele nunca havia ficado contrariado com as saídas da mulher. Sabia que apesar de tudo Lene nunca tinha lhe traído, sambava só para mostrar ao marido que estava viva, bem viva. Ele passou a insistir que a mulher não saísse mais, implorava para que ela abandonasse o samba, não teve jeito. Lene partia sozinha como era de costume todos os finais de semanas, fogosa, sambar. Mas, o que lhe causava mais remorso eram as calcinhas usadas pela mulher, então Beto sem conseguir convencer que a mulher abandonasse o samba propôs um trato – que ela fosse ao samba, porem sem aquelas calcinhas despertadoras de libido. Nada feito. Não teve jeito, a mulher era de opinião. Ele havia descoberto que amava aquela Geni, mas não poderia conviver com aquilo que considerava uma promiscuidade. Cheio da dor e pesar, mas fundamentado na fé pediu que a mulher sumisse da sua vida. Ele mesmo embalou todas as roupas da amada, se embebedando de dor. Não existia raiva no coração daquele cristão, antes de guardar a última calcinha o sentimento já tinha um nome: saudade. Num gesto de apego ele separou uma calcinha para ficar de recordação. Então todas as noites ele orava segurando a peça íntima rogando para Lene voltar.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

MINHA NOVA NAMORADA

Estava eu num final de tarde, desses típicos de verão, esperando que a lua cheia surgisse da linha do horizonte, o encontro do céu com o mar ... era um momento de meditação, pensava nos amores antigos, nos meus erros, nas minhas virtudes, o que faria com a grana do próximo mês e pensava em nada. Permitia que minha mente vagasse pelo desconhecido. Estava ali sem maiores pretensões, quando fui avistando uma mulher caminhando pela praia com algumas crianças. Nem me dei conta da direção que meu olhar tomava. Fiquei por alguns minutos divagando, tava hipnotizado! Tornei ao mundo real quando ouvir a voz daquela que sem nenhuma provacação acendia meu desejo. - Meu filho, não entre no mar, vovó não deixa! ... Sim, era uma senhora, avó, e talvez com o dobro da minha idade que despertou meus instintos mais sacanas. Num ato de afoitesa e querer, larguei o livro de contos que tinha em mãos na areia e fui em busca do meu devaneio. Olá! Eu falei. Olá, garoto - ela respondeu. São todos seus filhos, perguntei. Não queria que ela se sentisse velha. Netos, não tenho mais idade para ter filhos desse tamanho, respondeu. Trocamos mais algumas palavras, enquanto isso os garotos já estavam dispersos e entrando no mar. O olhar dela confirmava minha fantasia e mostrava um certo interesse dela em viver algo novo. Não tive outra saída, aproveitei o momento que estávamos sós e falei o que sentia naquele momento, ela também estava envolvida, mas receosa por conta da diferença de idade, perguntou-me: Sabes de que tenho idade para ser sua?? A minha resposta veio instantânea...MINHA NAMORADA.